"Nunca como então eu senti o cão tão perto de nós. Sem propriamente ter mudado de feitio, ele estava por assim dizer mais atencioso, seguia-nos pela casa toda, estava, como nós, à espera, como nós, digo bem, como se fosse um de nós. E tenho de reconhecer que era. Um grande chato, sim, um cão rebelde, caprichoso, desobediente, mas um de nós, o nosso cão, ou mais que o nosso cão, um cão que não queria ser cão e era cão como nós".
“Cão bonito, dizia eu, em momentos raros. E era um acontecimento lá em casa. Os filhos como que se reconciliavam comigo, minha mulher sorria, o cão começava por ficar surpreendido e depois reagia com excesso de euforia, o que por vezes me fazia arrepender da expressão carinhosa.
Cão bonito. E ei-lo aos pulos, a dar ao rabo, a correr a casa toda.
Digamos que aquele cão era quase um especialista nas relações com os humanos. Tinha o dom de agradar e de exasperar. Mas assim que eu dizia – Cão bonito – ele não resistia. Deixava-se dominar pela emoção, o que não era vulgar num cão que fazia o possível e o impossível para não o ser.” Manuel Alegre
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
A mãe vai contar-te várias histórias...
Esta será a primeira dirigida a ti, daqui a uns anos, se a mãe não se fartar desta coisa do mundo cibernaútico (está bom assim tia Pipa?), onde se vai trocando as palavras com alguns olhares que por aqui passam, vais poder ler o que escrevi para ti.
Escrevo porque não quero perder as ideias no tempo, quero-te dizer tanta coisa e teremos todo o tempo do Mundo para isso, mas assim tenho a certeza que te poderei contar algumas histórias, falar-te das coisas que a mãe gosta, que viu, das pessoas que fazem parte da sua vida e que serão também importantes para ti.
Hoje lembrei-me pela milésima vez nos últimos tempos do cão que tive quando era pequena e que me acompanhou até acabar a faculdade. Escrevi aqui que tenho saudades dele, mas não podia deixar de escrever sobre ele. O Xereta foi e é muito importante para a mãe, a sua imagem, calor e mau feitio perduram no tempo. Parece que o sinto todos os dias, principalmente agora que sei que vens a caminho. Uma espécie de guardião da mamã.
Às vezes quando estou sozinha à noite, com o Diogo Cão (o gato) de companhia, fico feliz por o ter, mas nada substitui o Xereta. Tenho a certeza que não iria sair da minha cabeceira e do meu colo estes meses todos. O gato vai tentando, mas são impacientes e não gostam de estar sempre atrelados aos donos, bastam-lhe 15 minutos e vai para o cantinho dele.
O Xereta foi comprado pelos avós no Centro Comercial de Alvalade (loja de animais) quando tinha 9 anos. Não sei se tinham a intenção de comprar um cão, mas recordo-me de me aproximar da montra onde estava e de ele ficar a olhar, de pegar nele ao colo e de ter pena da sua irmã ficar sozinha se o levasse para casa. Mas assim foi, ele nesse dia começou a fazer parte da nossa família.
Quando chegámos a casa tocámos à campainha, o tio Rodrigo não sabia de nada e foi uma surpresa. Surpresa também para mim que pegava nele acima da minha cabeça e resolveu fazer um xixizinho, foi o Cocktail de Boas-Vindas.
Depois confesso que não era eu que cuidava muito dele, apesar de todas as promessas feitas de longos passeios, dar banho, comida, etc. Mas por algumas vezes ainda fomos dar umas voltas, não me portava muito bem com ele, estava sempre a fazer-lhe maldades, não muito bonito. Mas para mim ele era mais um irmão, por isso normal essa situação.
O Xereta era a minha companhia nas tardes que passava sozinha depois da escola. Foi ele que viu as minhas primeiras experiências culinárias, às vezes até provou. Quando os meus amigos passavam por casa, ele servia de comando das tropas. Passou muitos natais em família, num deles resolveu comer o entrecosto, deixou os ossinhos o simpático. E muitas outras coisas que estão guardadas no coração da mãe.
Nunca mais vou ter um cão que tenha o mesmo significado para mim, mas farei de tudo para tu teres um companheiro que te acompanhe como ele me acompanhou. Que te "lamba as feridas" de amor, que cuide de ti quando estiveres doente, que estude ao teu lado, que durma aos teus pés, que partilhe o amor e carinho dos teus amigos e, que complete a nossa família com muitos disparates e mimos caninos.
Acredita bebé que o cão é o melhor amigo do homem, já vi muitos homens rafeiros a atraiçoarem os amigos, mas cão...hummmm...difícil.
O Xereta deixou-me no dia em que fui comprar as fitas para a Benção de Finalistas, no último ano da faculdade. Muitos dos amigos da mãe conheceram-no e adoravam-no, outros não tiveram esse prazer infelizmente. Foi um dia muito triste quando recebi a notícia. A decisão foi o pior, mas ele estava muito doente. Não me despedi dele, o tio e a avó sim, foram eles que estiveram com ele. Fiquei triste com isso, mas ficaria mais se eles não tivessem tido a coragem de fazer o que era melhor para ele.
Fico feliz por ter sido um cão amado, respeitado, acarinhado, protegido e dignificado. Não poderia ser diferente com um "cão como nós".
Ficam por último as palavras de um escritor português, Manuel Alegre, que escreveu um livro que depois lerás quando tiveres paciência, que fala de um cão da mesma raça que o Xereta e que amava e foi amado como ele:
Saudades
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
16 coisas sobre mim...
Aceitando o desafio da Filipinha aqui vai, a revelação do meu ser para o Mundo cibernaútico:
(lista em ordem aleatória):
1. Estou a realizar o meu maior sonho: ser mãe;
2. Era incapaz de viver sem um animal de estimação;
3. Amo os meus amigos e digo-lhes isso muitas vezes;
4. A minha cantora favorita, de todos os tempos, é a magnifica Elis Regina;
5. Gostava muito de ser fadista ou poetisa (contudo, falta-me o jeito);
6. Adoro andar de carro...fico calminha, calminha...;
7. Gosto muito de cozinhar e de comer ainda mais;
8. Nasci numa das mais bonitas cidades do país: Évora;
9. Adoro parques temáticos, mas não ando nas atracções de adultos (ex. montanhas russas), fico pelas chávenas que rodam e afins;
10. A dormir sou sossegada, porque de resto estou sempre irrequieta;
11. Gosto de ler, mas sou incapaz de ler em casa;
12. Tenho o sonho de fazer realmente algo por alguém no trabalho que faço (área social), pois infelizmente até hoje sinto que apenas estive a cumprir ordens das chefias que só pensam em números e não nas pessoas;
13. Os meus pais ensinaram-me a gostar de viajar e de conhecer novas culturas e tenho a sorte de continuar a fazê-lo, espero que por muitos anos, pois era incapaz de viver sem viajar;
14. Amo muito a minha família alargada (pais/irmão/avós/tios/primos) e a minha micro família que estou a construir (marido/filho(a)/gato) e tenho a maior sorte do mundo de ainda não ter perdido nenhuma dessas pessoas;
15. Odeio estar afastada das pessoas que já foram muito importante na minha vida, por desencontros;
16. Sou feliz.
Claro que depois há toda uma parte de mau feitio e etc., mas isso não interessa aqui...
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Afinal fico em Terra!
A vida tem caminhos que desconhecemos, quando seguimos uma estrada nada nos diz que não poderemos ter de fazer um desvio. Mas há desvios que só nos trazem coisas boas, descobrem-se novas paisagens, as mais bonitas que nunca pensamos conhecer.
Fiz um desses desvios que surgiu no nosso caminho para terras angolanas. Pelo melhor motivo do mundo, o bebé que vem a caminho.
A maternidade essa apresenta-se como um novo desafio, o pai partiu a mãe ficou a "chocar" o babe. Angola terá mais do que três novos habitantes para o início de 2010, para além do gato Diogo levamos na "bagagem" o mini nós.
O feijão tem agora 12 semanas e 4 dias, foi visto pela última vez ontem algures dentro da minha barriga e estava fino, "tudo em ordem" disse o médico, bexiga, estômago, braços, pernas, cabeça, coluna e uma teimosia latente de não se querer virar para mostrar a sua "natureza". Mas o que interessa é que venha com saudinha, isso é o mais importante.
O avô, na falta do pai, acompanhou-me à consulta que, graças a ele, se realizou, pois aqui a croma entendeu que era dia 21, mas não...era 20 do 1...espero que ele(a) não herde esta costela. E o avô ficou babado, a mãe babada, baba pra todo o lado.
Após o visionamento do filhote fui fazer as primeiras comprinhas com a tia Patrícia, comprei neutro para a criança ter roupinhas adequadas à sua masculinidade ou feminidade. A tia ofereceu dois bodys e dois gorros muito catitas e reza que seja rapariga para a encher de Kitties por todo o lado :)
É um festim...agora é só esperar e ter cuidados com a alimentação, o que me impede de comer marisco e eu QUERO COMERRRRRRRRRRRRR!!! Mas cá me vou aguentando. Pior vai ser o babe que vai nascer com cara de camarão com espuma de cerveja nas barbas, como disse a tia Sónia.
Pronto e amanhã temos mais conversa. Que já estou cansada e tenho de ir ali ao quarto ver se a cama ainda está quentinha para fazer um óo da tarde.
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