quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Já não me assustas, não antecipas em ti a angústia dos dias frios, do céu sem o brilho, do corpo sem calor. Trazes novos dias, novas memórias boas a serem construídas, farei de ti o melhor Outono a ser lembrado, aquele para todo o sempre.

Este Outono já cheira a bolos quentes, copos de vinho tinto, conversas à lareira (mesmo sem lareira), danças ao som das músicas de Verão para aquecer o corpo e sorrir, castanhas assadas com sal grosso até os lábios ficarem gretados, chocolate quente, pic nic ou brunch ao domingo conforme se te amigas da chuva ou não, jantares que se prolongam nas horas, correrias atrás da minha princesa e saber que andará sempre ao meu lado.

Vou matar-te o vazio como matei o dos domingos, encher-te de mim nos silêncios merecidos, passar por ti e fazer do amarelo das tuas folhas todo o colorido do arco-íris.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Nesta conversa não entram cigarros, copos de vinho, paso doble ou intervenções celestiais, nem músicas de fundo para aliviar a tensão, nem tu podes cantar na tentativa de desviares as atenções ou assobiares para o lado como se não fosse contigo. Porque agora e como nunca, é contigo, connosco, com tudo o que passámos e deixas cair por entre os dedos. Agora agarra de uma vez por todas os contornos que traças a giz branco no chão, guarda-os como fantasmas...melhor, guarda-os onde quiseres, faz como entenderes...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ando a sarar as feridas cedo demais...

Há duas semanas magoei-me, quando o faço as feridas assumem todo o seu esplendor. Ficam com um ar ruim, dos que fazem perguntar: o que se passou contigo? Se é para fazer uma ferida que me deixe em carne viva, com sangue, coisas a sair lá de dentro, ossos a descoberto se for preciso...e não sou das que passam Betadine, cicatrizantes e coisas do gênero, é deixar ao ar e deixar passar.

Deixar ao ar, exposta, perto da vista dos que me cruzam e principalmente da minha para me lembrar.

Há duas semanas magoei-me e fiz uma ferida, hoje apenas uma mancha menos bronzeada, vai-me acompanhar o inverno todo e para ela vou olhar e sorrir, porque já não é uma ferida.

As marcas que trago comigo de todas as feridas que sararam fazem-me pensar que as curo rápido demais. O meu processo de cicatrização é estridente, rápido e eficaz. O que me magoa rapidamente passa a ser uma pequena mancha deslavada num qualquer pedaço de corpo.

Hoje lembrei-me que há uns meses pensava que era incapaz de tatuar o meu corpo, marcá-lo para sempre, porque não acredito em nada para sempre... Hoje decidi que o vou fazer, vou tatuar o meu corpo para me lembrar sempre que há coisas que não podem sarar, que tenho de deixar de fazer feridas pelo meu corpo, mas sim marcas boas, que também elas me façam sorrir, mas sem magoar!

Esqueço-te

Tenho a sensação que deixei qualquer coisa ao lume antes de sair de casa, fechar a porta à chave, descer o elevador directamente para a garagem, porque gosto de entrar no mundo pela manhã de mansinho, o confronto directo com o que se passa lá fora choca-me, nada como entrar de carro num dia novo, pelas portas dos fundos... Estava a dizer, esqueci-me mais uma vez, sim já sei. Já fazia a curva mais apertada antes da recta sempre a direito e tive aquela impressão de que me tinha esquecido de alguma coisa e volto tudo atrás. Tenho esse hábito, devem ter todos mas faço dele só meu, repito todos os movimentos, acções, palavras para trazer de volta o que foi esquecido, é a minha estratégia. Neste caso mais necessidade, se não voltasse atrás corria o risco de ter um incêndio em casa, era só o arroz para o jantar da miúda.

Agora vou fechar os olhos e colocar aquela música que me faz lembrar... Bolas, quem?!?! Já sei, como é obvio, não vou voltar atrás e repetir tudo, lembrei-me que era de ti que me devia esquecer, volto a aconchegar-me e esqueço-te.