A escolha do meu curso de licenciatura não foi uma coisa pensada, nem muito, nem pouco. Estive três anos na área de Artes e não era porque fosse dotada para a coisa, mas apenas porque era uma verdadeira "artista". Porque era giro ir para a área à qual os pais torciam todos o nariz, menos os meus (ups, objectivo não conseguido!). A minha mãe deu-me todo o apoio, o meu pai foi mais numa de: "vai lá mas não te livras da Matemática e da Fisico-Quimica". Lá fiz as coisas, meio tortas, meio direitas, com as matemáticas e as físicas à mistura, nunca reprovando, mas também nunca passando com distinção.
Fazia uns "necos", uns rabiscos, umas pinturas, tentativas de esculturas, mas vamos ser sinceros, sem ponta nenhuma por onde se pegar. Assim sendo, na hora H, na decisão para o Curso, ui, não foi fácil.
Então, lá preenchi a papelada para a pública, tudo na área da Hotelaria, que também tem o que Q de arte. Um dia cheguei a casa e o meu pai abre o jornal e diz: "tem aqui um curso que você havia de gostar, já que tem a mania de estar sempre a ajudar os outros". PIMBA! Serviço Social, Universidade Católica, a pagar. Posto isto, entrei na minha primeira opção na Pública, Gestão e Direcção Hoteleira no Estoril e no dito S.S..
E agora, coisa e tal, que faço, o que escolho, ai ai mãe, ai ai pai...: "minha filha, ou vais para uma privada, a pagar, estudar 5 anos da tua vida, para depois ires ajudar tudo o que é desgraçados e ganhar uma miséria, ou vais para a Escola Superior de Hotelaria do Estoril, conceituada na matéria e depois passas a vida a ganhar bem, a trabalhar em sítios bonitos, a aturar ricos..." hummmm, deixa-me pensar bem...
Assim decidi o curso, com a mania que ia salvar o mundo e quiçá o universo. Lá fiz o curso, nunca reprovando, mas também nunca passando com distinção, canudo no bolso!
Trabalhei na área, primeiro num sítio, depois noutro, desempenhando funções aqui e ali, assim e assado, dando cabo de uns fusíveis pelo caminho. Acreditei muito e deixei de acreditar ainda mais.
Mas assim pensando, já com 1 ano e tal de interregno, descansando os neurónios, os dois, ou um que me resta, acho que hoje senti falta, do início, de como acreditava que realmente tinha um papel a desempenhar, que podia fazer a diferença na vida de alguém. Sendo assim, digo agora (e estou completamente sóbria) que talvez, assim um bocadinho, o meu "bicho social" está de novo a crescer dentro de mim. Tenho algumas, remotas, saudades de trabalhar na minha área. Mas num sítio onde me deixem trabalhar e seja valorizado o que faço...
...pois esse detalhe, acordei! Talvez não queira mesmo ser Assistente Social quando for grande...
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